O prólogo do Evangelho de João (Jo 1,1-18) é um dos textos mais profundos e teologicamente ricos do Novo Testamento. Devido a sua importância, ele tem sido amplamente debatido no universo teológico, especialmente em cursos de pós-graduação em Teologia.
Ele apresenta a identidade do Verbo (Logos) como preexistente, sua atuação na criação, sua encarnação e o impacto salvífico de sua presença no mundo. João articula a história do Logos de maneira que enfatiza sua transcendência e imanência, ao mesmo tempo que celebra a profunda conexão entre o divino e o humano.

Este estudo analisa esses aspectos com base na narrativa joanina, abordando a pré existência do Verbo, sua função na criação, a encarnação, a rejeição por parte de alguns, e a acolhida por outros.
Teologia e o Prólogo de João
O prólogo de João começa com uma afirmação contundente: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.” (Jo 1,1) A expressão “no princípio” remete ao início absoluto, antes de qualquer criação (cf. Gn 1,1).
Diferente do relato do Gênesis, onde Deus cria o mundo a partir do nada, João apresenta o Verbo como existente desde sempre, não como uma criatura, mas como realidade intrínseca a Deus. Essa afirmação reforça a natureza divina do Logos e sua coexistência eterna com o Pai.
João escreve em um contexto cultural e religioso onde o conceito de Logos era familiar tanto para os gregos quanto para os judeus. No pensamento helenístico, o Logos era entendido como princípio racional que governa o universo.
No judaísmo, a Palavra de Deus era vista como agente de criação, revelação e salvação. João funde essas tradições para apresentar o Verbo como a personificação máxima da Palavra divina.
João declara que “tudo foi feito por meio dele, e sem ele nada foi feito” (Jo 1,3). Essa declaração sublinha o papel do Verbo como mediador e agente da criação.
Teologia e a Ideia da Criação
A ideia de que a criação “está impregnada dessa palavra” encontra eco na tradição bíblica. O Salmo 33,6 afirma: “Pela palavra do Senhor foram feitos os céus, e pelo sopro de sua boca, todo o seu exército.”
Essa perspectiva é reafirmada em Colossenses 1,16-17, onde Cristo é descrito como aquele “por meio de quem todas as coisas foram criadas”. A mediação do Logos na criação revela o modo de agir do Pai.
Como intermediário divino, o Verbo comunica a sabedoria e o caráter de Deus, tornando a criação uma extensão da bondade divina. Assim, conhecer a criação é, de certa forma, conhecer a Deus (cf. Rm 1,20).
O ponto culminante do prólogo é a declaração: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14). A palavra “carne” indica a plena humanidade do Verbo.
Ele não apenas assumiu uma aparência humana, mas tornou-se verdadeiramente humano, sujeito às limitações e fragilidades da condição humana. Para a mentalidade judaica e grega, essa ideia era escandalosa, pois associava o divino àquilo que era transitório e mortal.
Nos últimos anos, essa declaração foi amplamente debatida em cursos de pós-graduação em Teologia, para que aqueles que possuem interesse em se aprofundar nas Escrituras se aprofunde melhor em sua mensagem.
O Significado do “Habitou Entre Nós”
A expressão “habitou entre nós” remete à ideia de Deus habitando no meio de seu povo, como no Tabernáculo do Antigo Testamento (cf. Ex 25,8-9). João apresenta Jesus como o novo Tabernáculo, a morada definitiva de Deus entre os homens.
Ao encarnar, o Verbo revela a glória de Deus de maneira única e definitiva: “Vimos a sua glória, glória como do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade” (Jo 1,14). Essa glória não é apenas majestade divina, mas também a graça e a verdade que caracterizam o relacionamento de Deus com a humanidade.
O prólogo reconhece que a chegada do Verbo ao mundo não foi universalmente aceita. João afirma que “veio para o que era seu, mas os seus não o receberam” (Jo 1,11).
Essa rejeição reflete a dureza de coração de muitos, especialmente do povo que aguardava o Messias, mas que não reconheceu a sua vinda. Por outro lado, João ressalta que “a todos quantos o receberam, deu lhes o poder de se tornarem filhos de Deus” (Jo 1,12).
Essa filiação divina não é resultado de herança natural, mas de uma transformação espiritual operada pela fé no Verbo encarnado.
Qual a Missão do Verbo Encarnado?
A missão do Verbo encarnado vai além da revelação; ela inclui a redenção e a humanização da história. A função salvífica do Verbo é central para o Evangelho de João. Jesus, como o Cordeiro de Deus, tira o pecado do mundo (cf. Jo 1,29).
Sua vida, morte e ressurreição representam o cumprimento do plano divino de salvação. Ao se tornar carne, o Verbo não apenas participa da história humana, mas também a transforma. Sua presença traz dignidade à existência humana, mostrando que Deus valoriza profundamente sua criação.
O prólogo do Evangelho de João apresenta uma visão grandiosa do Verbo, desde sua preexistência até sua encarnação e missão salvífica. Essa história transcende o tempo e o espaço, pois descreve o Logos como aquele que não apenas cria, mas também redime e habita com sua criação.
A profundidade teológica do texto convida à contemplação da grandeza de Deus e à resposta de fé diante do Verbo que se fez carne para transformar a humanidade.
Sendo assim, se você deseja se aprofundar no prólogo do Evangelho de João, saiba que os cursos de pós-graduação em Teologia oferecem uma grande possibilidade de aprofundamento nesta e em diversas outras questões das Escrituras.
Texto por Prof. Dr. Erik Dorff Schmitz
Texto por Prof. Dr. Erik Dorff Schmitz é Doutor e Mestre em Literatura pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC; Graduando em Letras Português pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC; Bacharel em Teologia pela Faculdade Católica de Santa Catarina – FACASC, Bacharel em Filosofia pela Faculdade São Luiz – FSL.