O SURGIMENTO DO MONOTEÍSMO

O surgimento do monoteísmo, a crença em um único Deus, representa uma transformação significativa nas práticas religiosas e nas visões de mundo das sociedades antigas. Essa mudança de uma adoração politeísta, com vários deuses, para uma adoração monoteísta pode ser vista como um dos desenvolvimentos mais intrigantes na história das religiões.
A origem do monoteísmo é frequentemente associada ao povo hebreu antigo e à figura de Abraão, que é considerado o patriarca do judaísmo. Segundo a tradição judaica, Abraão rejeitou a adoração de múltiplos deuses de seu ambiente mesopotâmico em favor da adoração de um único Deus, Yahweh, estabelecendo assim as bases para o desenvolvimento do monoteísmo.
No Egito, a tentativa de monoteísmo é exemplificada pelo faraó Akhenaton, que, no século XIV a.C., promoveu a adoração de Aton, o disco solar, como a única divindade. Esta fase, conhecida como o período amarniano, representou uma ruptura significativa nas tradições religiosas egípcias, mas o monoteísmo não se sustentou após sua morte, revertendo para o politeísmo tradicional.
O judaísmo desenvolveu-se progressivamente em direção a uma forma estrita de monoteísmo. A experiência do Exílio na Babilônia (século VI
a.C.) e o subsequente retorno a Jerusalém foram cruciais para solidificar a crença em Yahweh como o único Deus, desencorajando a adoração de outras divindades e estabelecendo uma identidade religiosa única para o povo judeu.
O cristianismo, emergindo do judaísmo no primeiro século d.C., manteve a crença em um Deus monoteísta. No entanto, introduziu o conceito da Trindade, que apresenta Deus como uma unidade de três pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Essa compreensão teológica representou uma complexidade adicional na concepção monoteísta.
O islamismo, fundado pelo profeta Maomé no século VII, reiterou a crença em um Deus único, Alá. O Islã enfatiza fortemente o monoteísmo, ou tawhid, considerando-o o pilar central da fé islâmica. A mensagem de Maomé foi em parte uma reação contra o politeísmo prevalente na Arábia pré-islâmica.
Historicamente, o monoteísmo tem sido visto não apenas como uma transformação religiosa, mas também como uma evolução social e cultural.
Ele promoveu uma visão mais unificada do universo e um sentido de ordem e propósito, influenciando o desenvolvimento de leis, ética e práticas sociais.
A transição para o monoteísmo também teve implicações políticas significativas. Em muitas culturas, a adoção do monoteísmo estava ligada à centralização do poder político, com o governante muitas vezes associado a uma divindade única, reforçando sua autoridade e legitimidade.
No contexto mais amplo das religiões mundiais, o monoteísmo influenciou outras tradições religiosas e filosóficas, levando a debates e interações entre diferentes crenças e práticas. Isso incluiu a confrontação entre monoteístas e politeístas, bem como o diálogo com sistemas de crenças não teístas.
Ao longo da história, o monoteísmo tem se adaptado e evoluído, enfrentando desafios teológicos, filosóficos e científicos. A abordagem monoteísta de compreender o divino e o cosmos continua a ser um tema central no discurso religioso e espiritual contemporâneo, refletindo sua profunda influência e persistência na história humana.