Uma das dimensões mais fascinantes do título “Filho de Deus” aplicado a Jesus é sua relação com o tema do verdadeiro Israel. A filiação divina, normalmente, sempre foi alvo de estudo pelos líderes religiosos, especialmente em cursos de pós-graduação em Teologia.
No Antigo Testamento, Israel é frequentemente chamado de “filho de Deus”, como vemos em Êxodo 4:22-23: “Israel é meu filho, meu primogênito.”
Esta designação coletiva de Israel como filho de Deus encontra seu cumprimento definitivo em Jesus Cristo.
Filiação Divina e o Evangelho de Mateus
O Evangelho de Mateus, em particular, desenvolve este tema com maestria. Logo no início de sua narrativa, Mateus aplica a profecia de Oseias 11:1 (“Do Egito chamei o meu filho”) a Jesus (Mateus 2:15).
No contexto original, esta passagem se referia ao êxodo de Israel do Egito, mas Mateus vê um cumprimento mais profundo na fuga da família de Jesus para o Egito e seu posterior retorno.
A narrativa da tentação de Jesus no deserto (Mateus 4:1-11) apresenta outro paralelo significativo. Assim como Israel foi testado no deserto por quarenta anos, Jesus é tentado por quarenta dias.
Em cada tentação, Jesus responde com citações do Deuteronômio que originalmente se referiam à experiência de Israel no deserto. A diferença crucial é que onde Israel falhou, Jesus permanece fiel.
O Verdadeiro Significado da Lei no Sermão do Monte
Este padrão de Jesus recapitulando e cumprindo a história de Israel aparece repetidamente. Israel falhou em guardar a Lei no Sinai; Jesus, em contrapartida, apresenta o verdadeiro significado da Lei no Sermão do Monte.
Israel frequentemente sucumbiu à idolatria; Jesus mantém perfeita fidelidade ao Pai. Israel falhou em sua missão de ser luz para as nações; Jesus é a verdadeira luz do mundo.
A dimensão corporativa da filiação divina de Jesus também tem implicações importantes para a igreja. Paulo desenvolve este tema em suas epístolas, na Escrituras, mostrando como os crentes são “conformes à imagem do Filho” (Romanos 8:29) e adotados como filhos de Deus em Cristo.
A filiação de Jesus não é apenas individual, mas também representativa, abrindo caminho para que outros se tornem filhos de Deus através dele.
Essa compreensão da filiação divina é essencial para quem estuda teologia. Por isso, muitos cursos de pós-graduação em Teologia discutem frequentemente o tema, a fim de trazer clareza para uma mensagem tão importante.
Esta compreensão corporativa nos ajuda a entender melhor por que João faz distinção entre Jesus como “o Filho” (ho huios) e os crentes como “filhos” (tekna).
Jesus é o Filho por natureza e direito próprio; nós nos tornamos filhos por adoção através dele. Nossa filiação é derivada e dependente da sua.
Jesus: O Verdadeiro Israel
A ideia de Jesus como o verdadeiro Israel também ilumina nossa compreensão do reino de Deus. Como o verdadeiro filho de Deus, Jesus não apenas representa Israel, mas cumpre seu destino vocacional.
O propósito original de Israel era ser um reino de sacerdotes e uma nação santa; em Cristo, este chamado é finalmente realizado de maneira perfeita.
Esta dimensão corporativa da filiação tem implicações práticas significativas para a vida cristã.
Como o verdadeiro Israel, Jesus não apenas cumpre a história de Israel, mas também estabelece o padrão para a vida do novo povo de Deus.
Sua obediência perfeita ao Pai, sua resistência à tentação, sua fidelidade à missão divina – tudo isso serve como modelo para aqueles que são chamados filhos de Deus nele.
Finalmente, esta compreensão nos ajuda a ver como a história da redenção converge em Jesus. Ele não é apenas um indivíduo extraordinário, mas o cumprimento de todo o propósito divino para Israel.
Nele, todas as promessas de Deus encontram seu “sim” (2 Coríntios 1:20), e através dele, o verdadeiro povo de Deus é constituído.
