O pastorado e a administração são funções que exigem habilidades distintas, embora possam se cruzar em alguns contextos. Em alguns cursos de pós-graduação em Teologia, é amplamente debatido a relação entre o pastorado e a administração das igrejas.
Nem todo pastor será um bom administrador, assim como nem todo administrador terá aptidão para liderar espiritualmente uma congregação. Compreender essas diferenças é essencial para o sucesso das organizações religiosas e para a integridade do chamado pastoral.

Teologia: Quais São as Exigências do Pastorado?
O pastorado exige um profundo compromisso com o cuidado das pessoas, o ensino da Palavra de Deus e a liderança espiritual.
A Bíblia destaca o papel pastoral como de cuidado e apascentamento, conforme vemos em 1 Pedro 5:2: “Pastoreiem o rebanho de Deus que está entre vocês, cuidando dele, não por obrigação, mas de livre vontade, como Deus quer”.
Esse papel demanda empatia, paciência e uma compreensão teológica sólida.
Contudo, não se espera que o pastor domine áreas técnicas de gestão financeira, planejamento estratégico ou administração de pessoal, competências que muitas vezes estão fora do escopo de sua formação (CHAMPLIN, 2000).
Ao estudar Teologia, especialmente em cursos de pós-graduação em Teologia, é essencial compreender quais são as exigências do pastorado, para garantir que o líder religiosos tenha um papel adequado aos seus anseios e funções.
As Competências do Administrador
O administrador, especialmente no contexto eclesiástico, é responsável por planejar, organizar e gerenciar os recursos para que a organização atinja seus objetivos.
Isso inclui o controle financeiro, gestão de crises, comunicação e até inovação digital, quando necessário (MAXWELL, 2007). Essa função requer habilidades técnicas e práticas que geralmente são desenvolvidas em cursos de administração ou contabilidade, não em seminários teológicos.
Um exemplo relevante é a importância da governança e do compliance, que asseguram a transparência e a eficiência na gestão de recursos das organizações religiosas (LIMA, 2016).
Nos últimos anos, muitos líderes religiosos buscaram conhecimento para lidar com essas questões. Assim, muitos investiram em uma pós-graduação em Teologia, que permite maior conhecimento prático e teórico para lidar com questões de governança.
Teologia e a Convergência Possível
Embora as competências para cada função sejam distintas, há casos de pastores que também são bons administradores, e de administradores que desenvolvem habilidades pastorais. No entanto, isso não deve ser a regra, mas a exceção.
Pastores sem habilidades administrativas podem enfrentar desafios que comprometem a missão da igreja, como má gestão de recursos financeiros ou falta de transparência, o que pode gerar desconfiança na comunidade.
Por outro lado, um administrador que assume um papel pastoral sem vocação ou preparo adequado pode encontrar dificuldades em liderar espiritualmente, priorizando os números em detrimento do cuidado humano (BARNA, 2002).
Teologia Contemporânea: A Importância da Apologia Teológica na Era Digital
A Importância da Administração para as Igrejas
Para igrejas saudáveis, é essencial discernir as vocações e competências de seus líderes.
A separação clara entre o papel pastoral e o administrativo, com a delegação de funções específicas a quem possui a capacitação necessária, permite que a igreja cumpra sua missão espiritual e organizacional com excelência.
Assim, o pastor pode focar em sua vocação, enquanto o administrador assegura que os recursos necessários para o funcionamento da igreja estejam disponíveis e bem gerenciados.
No mais, vale dizer que, no caso de maior aprendizado, é essencial que o pastor busque conhecimento. Atualmente, muitos cursos de pós-graduação em Teologia já desenvolvem reflexões para garantir maior conhecimento sobre governança e questões administrativas.
Texto por Prof. Dr. Elizeu Bandeira de Lima