A exaltação de Cristo é um tema central na teologia cristã, abrangendo desde Sua ressurreição até Sua glorificação à destra de Deus. Nos últimos anos, a exaltação se tornou alvo de discussões no mundo da Teologia, especialmente em cursos de pós-graduação em Teologia.
Este evento é inseparável da ideia de recapitulação, uma doutrina amplamente discutida pelos pais da Igreja, especialmente por Irineu de Lyon, que a interpreta como a restauração e o cumprimento de todas as coisas em Cristo.
Na teologia, esta reflexão explora como a exaltação de Cristo se relaciona com a recapitulação universal, destacando implicações teológicas, bíblicas e práticas.

Teologia: O que é a Exaltação de Cristo?
A exaltação de Cristo refere-se ao processo de Sua glorificação após a humilhação sofrida em Sua encarnação e crucificação (Fp 2.6-11). Este conceito pode ser dividido em três eventos principais:
- Ressurreição: A vitória de Cristo sobre a morte e o pecado, marcando o início de Sua exaltação. A ressurreição não apenas comprova Sua divindade (Rm 1.4), mas também antecipa a ressurreição dos crentes (1Co 15.20-22).
- Ascensão: A elevação de Cristo aos céus, onde Ele é entronizado à destra do Pai (At 1.9-11). Este evento destaca Sua autoridade universal (Ef 1.20- 23).
- Intercessão e Segunda Vinda: No presente, Cristo intercede por Seu povo (Hb 7.25). Na escatologia, Ele retornará para consumar o Reino de Deus (Ap 19.11-16).
A exaltação confirma que Cristo é o centro do plano redentor de Deus e o mediador entre o Criador e a criação.
Teologia e a Doutrina da Recapitulação
A recapitulação (do grego anakephalaiosis) é uma doutrina que enfatiza Cristo como o “resumo” e o “cumprimento” de toda a história da criação. Irineu de Lyon argumenta que Cristo veio para refazer o que Adão e sua descendência haviam corrompido.
Essa ideia, muito debatida na Teologia, se baseia em textos como Efésios 1.10: “…de fazer convergir nele, na dispensação da plenitude dos tempos, todas as coisas, tanto as do céu como as da terra.”
- Cristo como o Novo Adão: Assim como Adão trouxe condenação, Cristo traz justificação e vida (Rm 5.12-21). Ele viveu a obediência que Adão falhou em viver, reorientando a humanidade em direção a Deus.
- Restauração Cósmica: A recapitulação abrange não apenas a redenção dos seres humanos, mas de toda a criação (Cl 1.19-20).
- A Conexão entre Exaltação e Recapitulação.
A exaltação de Cristo é o ponto culminante no processo de recapitulação. A vitória de Cristo sobre o pecado e a morte valida Seu papel como cabeça de toda a criação. Essa conexão pode ser vista nos seguintes aspectos:
Autoridade Cósmica: Na ascensão, Cristo foi entronizado como Rei, tendo domínio sobre todas as coisas (Ef 1.22). Este ato não apenas demonstra Sua autoridade, mas também o início do cumprimento da recapitulação.
Unificação da Criação: Em Cristo, o céu e a terra são reconciliados. Sua exaltação é a garantia de que todas as coisas serão renovadas e unidas sob sua liderança.
Intercessão e Mediação: Como Sumo Sacerdote, Cristo intercede continuamente por Seu povo, mantendo a comunhão entre Deus e a humanidade.
Nos últimos anos, esses aspectos tem sido amplamente abordados em cursos de pós-graduação em Teologia, para garantir que os estudiosos e/ou líderes religiosos estejam cientes de suas características.
Principais Evidências da Recapitulação
A Bíblia apresenta diversas evidências da recapitulação de todas as coisas em Cristo, desde a criação até a consumação final:
- Gênesis e João: A criação começa com Deus trazendo ordem ao caos (Gn 1.1-3). João ecoa essa linguagem ao apresentar Cristo como o Logos, por meio de quem todas as coisas foram criadas (Jo 1.1-3).
- Romanos 8.18-23: Paulo descreve a criação como gemendo, aguardando a redenção final, que será realizada por meio de Cristo.
- Apocalipse 21-22: A visão de um novo céu e uma nova terra é o cumprimento da promessa de restauração total.
A exaltação de Cristo e a recapitulação oferecem lições práticas para a vida cristã e o testemunho da Igreja, além de serem debatidos em cursos de pós-graduação em Teologia. São eles:
Adoração: A exaltação de Cristo deve inspirar uma adoração centrada n’Ele, reconhecendo Seu senhorio.
Missão Integral: A recapitulação lembra à Igreja sua responsabilidade de trabalhar pela reconciliação em todas as esferas: espiritual, social e ecológica.
Esperança Escatológica: A certeza da vitória final de Cristo traz conforto e esperança diante das dificuldades.
Na teologia, à exaltação de Cristo e a recapitulação de todas as coisas são dois lados de uma mesma moeda, destacando a soberania e o amor redentor de Deus em Cristo.
Essa doutrina não apenas ilumina o propósito da criação e redenção, mas também aponta para o destino final de todas as coisas: serem reunidas em Cristo. A Igreja, como Corpo de Cristo, é chamada a viver e proclamar essa verdade, participando do processo de restauração até que Ele venha.
Portanto, para melhor compreensão desta e outras mensagens, é essencial investir em conhecimento. Atualmente, muitos cursos de pós-graduação em Teologia garantem melhor conhecimento das Escrituras, especialmente para fortalecer o aprendizado de líderes religiosos.
Texto por Prof. Dr. Erik Dorff Schmit
Prof. Dr. Erik Dorff Schmit é Doutor e Mestre em Literatura pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC; Graduando em Letras Português pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC; Bacharel em Teologia pela Faculdade Católica de Santa Catarina – FACASC, Bacharel em Filosofia pela Faculdade São Luiz – FSL.