Não é incomum que muitas pessoas tenham visões erradas de versículos da Bíblia. Em suma, isso ocorre devido à má interpretação das mensagens passadas. Atualmente, já existem algumas áreas que buscam desconstruir essa má interpretação, como os cursos de pós-graduação em Teologia, por exemplo.
Embora os profissionais da Teologia, especialmente aqueles que realizam uma pós-graduação em Teologia, sejam mais voltados para melhor compreensão das Escrituras, também é possível que muitas pessoas comuns tenham conhecimento de erros comuns ao interpretar os versículos.

Sendo assim, confira mais alguns erros comuns na leitura dos versículos que muitas pessoas costumam cometer.
1 – Aplicabilidade religiosa no mundo da Teologia
Expandir a aplicabilidade religiosa da Bíblia além de seu escopo originalmente pretendido tem levado a mal-entendidos e má aplicação de vários versículos.
Uma prática comum ao ampliar a Bíblia de forma inadequada para nós mesmos é reivindicar promessas feitas por Deus a pessoas específicas como se fossem nossas, mesmo que não estejamos na mesma situação daquelas pessoas e mesmo que o texto limite a promessa a outros.
O título de uma música cristã popular diz sobre a Bíblia: “Cada Promessa no Livro é Minha.” Muitos cristãos estão ansiosos para acreditar nisso, embora seja questionável que todas as promessas da Bíblia se apliquem a todos os crentes.
O livro A Oração de Jabez e seu enorme seguimento no início dos anos 2000 é um exemplo de uma promessa específica de prosperidade na Bíblia sendo aplicada a todos os cristãos.
Outra forma de ampliar a Bíblia é a prática de “nomear e reivindicar” — se nomearmos uma bênção prometida e a reivindicarmos como nossa, espera-se que Deus a conceda a nós.
2 – Interpretar os versículos a partir de diversos temas
Outra faceta de ampliar a relevância da Bíblia é fazê-la falar diretamente e com autoridade divina sobre todo tipo de assunto: dieta e saúde física, finanças pessoais, práticas empresariais, esportes, por exemplo.
Livros e artigos sobre esses tópicos abundam na imprensa cristã popular, com títulos como Paz Financeira pela Palavra, Negócios pela Bíblia e A Dieta Bíblica, sendo que, em alguns casos, são muito usados em cursos de Teologia.
No entanto, a Bíblia tem uma visão diferente sobre o alcance de sua inspiração e autoridade. Quando 2 Timóteo 3:16–17 declara: “Toda a Escritura é inspirada por Deus,” imediatamente explica o motivo pelo qual Deus a inspirou: ela é “útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o [servo] de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (ARA).
Em outras palavras, a Escritura é inspirada para ser eficaz na doutrina e na vida cristã; isso deveria ser suficiente para nós.
Assim sendo, fazer a Bíblia falar diretamente e sistematicamente sobre outros tópicos que ela apenas menciona ocasionalmente certamente levará a distorções e mau uso.
Vale citar que alguns evangélicos protestantes acreditam que as Escrituras falam com verdade autoritativa sobre todos os tópicos sobre os quais elas se pronunciam, mas muitos deles também reconhecem que problemas podem surgir quando a Bíblia é explorada em busca de detalhes sobre assuntos que abordam apenas ocasionalmente.
Por esse direcionamento, é fundamental compreender melhor as Escrituras, a fim de evitar esse tipo de problema. Para tanto, uma pós-graduação em Teologia pode ser funcional, visando que ela permite melhor entendimento das palavras, especialmente ao evitar distorcer as palavras como muitos o fazem.
3 – “Reaproveitamento” de versículos: Uma discussão importante nos cursos de pós-graduação em Teologia
Um tema muito debatido no estudo avançado da Teologia, especialmente na pós-graduação em Teologia, é sobre o “reaproveitamento” de versículos, uma prática comum entre muitas pessoas que não compreendem realmente o que as Escrituras querem dizer.
“Reaproveitar” versículos bíblicos, dando-lhes usos diferentes dos que possuem na Bíblia, geralmente resulta em mau uso. As pessoas que fazem isso supõem que tal prática é aceitável e fortalece sua fé.
Por exemplo, a confiança de Paulo de que Deus o capacitará a suportar todas as provações de seu trabalho missionário — “Tudo posso naquele que me fortalece” (Filipenses 4:13) — é frequentemente reaproveitada para fortalecer a confiança de que os cristãos podem alcançar todos os variados objetivos que estabelecemos para nós mesmos.
Outro exemplo foi um recente sermão de rádio sobre Oséias 4:6 — “O meu povo foi destruído porque lhe faltou o conhecimento.”
Este versículo refere-se à ignorância espiritual mortal das pessoas que adoram outros deuses junto com o Deus de Israel, mas o pregador não falou sobre isso.
Em vez disso, ele afirmou que a falta de conhecimento sobre o conteúdo dos alimentos hoje está levando à nossa destruição física.
Agora, certamente é bom comer alimentos saudáveis, mas isso não é de forma alguma o que Oséias tinha em mente. O estudioso bíblico evangélico Richard Schultz chama essa reaplicação de “textjacking,” em analogia com o termo “carjacking” (sequestro de carros). Assim como o carjacking é perigoso para suas vítimas, o textjacking pode causar danos espirituais.
Por esse direcionamento, podemos pontuar que o reaproveitamento dos versículos é um erro comum para quem não busca o estudo completo da Teologia.
Em suma, para evitar esse equivoco, é fundamental buscar cursos de pós-graduação em Teologia, uma vez que eles permitem uma discussão série e completa sobre diversos textos e seu verdadeiro significado.
Texto por Jeferson F. Chagas, Ph.D