Na lei hebraica, quarenta dias após dar à luz, a mãe deveria passar por um ritual de “purificação” e apresentar o filho ao Senhor, no templo. O estudo deste ritual foi realizado por muitos séculos e, atualmente, é estudo em cursos de pós-graduação em Teologia, que visam compreender melhor o seu significado na história de Cristo.
Maria, Mãe de Jesus também cumpriu o preceito hebraico e foi consagrar seu filho no templo de Jerusalém. Vamos ler o que o texto bíblico nos apresenta: “Chegou o dia de Maria e José cumprirem a cerimônia da purificação, conforme manda a Lei de Moisés.

Então eles levaram a criança para Jerusalém a fim de apresentá-la ao Senhor. Pois está escrito na Lei do Senhor: “Todo primeiro filho será separado e dedicado ao Senhor.” Eles foram lá também para oferecer em sacrifício duas rolinhas ou dois pombinhos, como a Lei do Senhor manda.
A História de Simeão
Em Jerusalém morava um homem chamado Simeão. Ele era bom e piedoso e esperava a salvação do povo de Israel. O Espírito Santo estava com ele, e o próprio Espírito lhe tinha prometido que, antes de morrer, ele iria ver o Messias enviado pelo Senhor.
Guiado pelo Espírito, Simeão foi ao Templo. Quando os pais levaram o menino Jesus ao Templo para fazer o que a Lei manda, Simeão pegou o menino no colo e louvou a Deus.
Ele disse: — Agora, Senhor, cumpriste a promessa que fizeste e já podes deixar este teu servo partir em paz. Pois eu já vi com os meus próprios olhos a tua salvação, que preparaste na presença de todos os povos: uma luz para mostrar o teu caminho a todos os que não são judeus e para dar glória ao teu povo de Israel.
O pai e a mãe do menino ficaram admirados com o que Simeão disse a respeito dele. Simeão os abençoou e disse a Maria, a mãe de Jesus: — Este menino foi escolhido por Deus tanto para a destruição como para a salvação de muita gente em Israel.
Ele vai ser um sinal de Deus; muitas pessoas falarão contra ele, e assim os pensamentos secretos delas serão conhecidos. E a tristeza, como uma espada afiada, cortará o seu coração, Maria.” (Lc 2,22-35)
Essa passagem de Simeão é amplamente estudada no mundo teológico, especialmente nos cursos de pós-graduação em Teologia. Isso ocorre porque, mesmo após tantos anos, essa mensagem se extremamente atual, além de explicar melhor a caminhada de Cristo nesta terra.
A Apresentação do Senhor e a Teologia
Esse trecho do Evangelho de Lucas nos faz valorizar o sentido da “apresentação”, a oferta de Jesus ao Pai, para que seu destino se cumprisse, marcando em consequência a aceitação por parte de Maria do que o Pai preparara para o fruto de sua gestação.
Essa data na liturgia da Igreja passou a ser lembrada então como a da “Apresentação do Senhor”. Uma das características marcantes de Jesus em seu ministério foi o conflito com as tradições da Lei e com os chefes religiosos. O empenho em libertar os pequenos e humildes oprimidos sob o jugo da Lei levou-o à morte de cruz.
Isso tudo é profetizado pelo justo Simeão e anunciado a Maria. A Igreja, revive a cada ano o mistério da Apresentação de Jesus no Templo. Faz isso com a admiração da Sagrada Família de Nazaré, iluminada pela revelação daquele “Menino” que é o juiz escatológico prometido pelos profetas (cf. Ml 3, 1-3), o “Sumo Sacerdote misericordioso e fiel”, que veio para “expiar os pecados do povo” (Hb 2, 17), como já anunciavam os profetas.
Que possamos ser como o justo Simeão, e profetizar a presença do Menino Jesus em nossas vidas, num mundo tão necessitado da luz e paz que vem somente de Cristo.
Por ter uma mensagem extremamente forte, é fundamental conhecer a história de Simeão. Na prática, uma boa maneira de conhecê-la é através dos cursos de pós-graduação em Teologia, que demonstram e discutem diversas passagens para tentar compreender a história deste homem tão justo.
Texto por Prof. Dr. Erik Dorff Schmitz
Prof. Dr. Erik Dorff Schmitz é Doutor e Mestre em Literatura pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC; Graduando em Letras Português pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC; Bacharel em Teologia pela Faculdade Católica de Santa Catarina – FACASC, Bacharel em Filosofia pela Faculdade São Luiz – FSL.